“Em relação às formas e produtos, inspiro-me no dia-a-dia, nos nossos rituais e vejo o que melhor se adapta às técnicas que utilizo.”
Criada no Porto em 2012 por Norma Silva, a Jinja encarrega-se de dar vida ao desperdício têxtil e fazer peças únicas de decoração. Os produtos são originais e feitos à mão em Portugal.
O conceito é respeitar o meio ambiente apostando no Eco Design e em material reaproveitado, fazendo surgir assim produtos feitos a partir de sobras de tecidos e que nos enchem a casa de cor e originalidade.
Fazer produtos sustentáveis é uma das preocupações de Norma Silva e do designer australiano Tom Allen, que contribuí no design de alguns produtos. Ambos levam muito a sério a sustentabilidade ambiental.
Fomos até ao local de trabalho da Jinja Ritual para conhecerem ao pormenor todos os segredos e curiosidades da produção.
Num Minuto
Norma Silva é designer e mãe de uma menina. Sempre teve o interesse por tudo o que fosse ecológico e sustentável, para isso, juntou duas paixões, escultura e eco design, criando assim a Jinja!
Não saio de casa sem… as chaves.
Quando vou de férias não me esqueço de… pedir a alguém para cuidar da gata Mia.
A minha altura preferida do ano é… a Primavera.
Perco a cabeça com… dança.
A minha viagem de sonho é… são tantas…
O dia perfeito é… passado a celebrar com amigos e família.
Como é que nasceu a Jinja Ritual?
A Jinja nasceu duma vontade muito pessoal de continuamente experimentar coisas novas e de criar algo na área do design de produto que me levasse de volta à escultura. Da minha necessidade de trabalhar com as mãos e poder sentir o material e verdadeiramente o entender. A par disto andam os meus ideais de respeito pela Natureza e de eco design e o acreditar que o designer tem um papel fundamental para a mudança de consciências e comportamentos. A escolha do material, acabou por refletir isto, por ser um desperdício da indústria têxtil e ser facilmente encontrado em Portugal. Os produtos que resultaram vieram da experimentação e aprendizagem de uma técnica com os fios têxtil, que está continuamente a ser explorada e melhorada.
No que é que te inspiras para criar?
Penso que tudo na vida, as minhas experiências, se refletem no meu trabalho, de uma forma ou de outra, pelas escolhas que vou fazendo. Posso dizer que as cores e as texturas me influenciam muito e para isso é preciso estar atenta por onde passo. Gosto também de ver as tendências da moda, porque acaba por estar ligado com o material, o têxtil. Mas na hora de escolhe-las para as coleções e porque elas são infindáveis, vou muito pelo meu gosto pessoal. Em relação às formas e produtos, inspiro-me no nosso dia-a-dia, nos nossos rituais e vejo o que melhor se adapta às técnicas que utilizo.
Como é feito o fabrico das tuas peças?
Para as peças da Jinja utilizo um processo de fabrico totalmente manual, desde o esticar, cortar, entrançar ou enrolar para preparar os fios. Para todos os produtos necessito de um molde ou base, na qual vou moldar os fios com cola para criar a forma pretendida, sendo esta uma taça, cesto ou caixa. Às vezes leva uma dupla camada. No final, as peças levam um acabamento de óleo transparente com selo EU Ecolabel.
Como é ser empreendedora no feminino?
Neste momento o meu maior desafio é ser mãe e conseguir conciliar este papel com o meu trabalho. Como a minha filha ainda é pequena, vai fazer 2 anos, ainda sinto que me estou a adaptar a esta nova fase da vida. Como tudo depende de mim, tenho de lidar com os imprevistos de ter um bebé e desdobrar-me para conseguir fazer as tarefas.
Quais são os teus projectos para o futuro?
Poder continuar a desenvolver com a Jinja e criar novos produtos, explorando outros materiais que igualmente respeitem o conceito de Eco Design e desenvolver novas colaborações. Adorava também conseguir realizar projetos ligados à instalação e cenografia.
Que conselho dás a novos artistas e criadores portugueses?
Ainda me sinto bastante nova nestas andanças mas de qualquer forma pelo que experienciei até agora, é preciso ter muita força de vontade e paciência, pois os projetos não crescem de um dia para o outro. Trabalhar arduamente, tentando descobrir e aprendendo sempre a melhor forma de desenvolve-lo e ter muita paixão pelo que se faz.